sexta-feira, 20 de março de 2009

[CONTO] A Mãe dos Outros

Aprendi que para ser a melhor mãe do mundo não preciso ir a escolas nem consultar livros de psicologia, comprar sabão em pó especial, brinquedos ou chocolates conforme sugerido em propagandas televisivas. Absolutamente nada disso é necessário se você presta atenção quando seus filhos relatam experiências com as mães dos outros. Elas sempre têm, sabem e fazem tudo muito melhor que ninguém, são exemplo de paciência, tolerância, criatividade, disponibilidade, permissibilidade e estabilidade emocional.

Essas mães dos outros não possuem defeitos, são as mais perfeitas, consideram, por exemplo, normalíssimo comer chocolate meia hora antes do almoço ou jantar, sair de casa com camisa de manga curta em dia de inverno, dormir sem escovar os dentes e chegar tarde da noite em casa. Naturalmente elas permitem que o cachorro durma na cama com as crianças, não são histéricas em termos de higiene, pois possuem um alto grau de compreensão pelo bem-estar dos animais. Possuem incrível sensibilidade a barulho, adoram música no último volume, principalmente „rock“ e „rap“, acham ótimo ter caixas de som espalhadas por toda casa - até no banheiro, imaginem! Essas mães conhecem todos os nomes dos atuais grupos musicais e compram todos os CD`s disponíveis das lojas.

Elas entendem de moda jovem e acham „da horal“ usar jeans largos e caidos tendo o „cavalo“ na altura dos joelhos, camisetões velhos, tênis Air-Nike e óculos escuros usados como „arco“ na cabeça. Muito normal para elas que seus filhos cheguem às três horas da madrugada sem ao menos telefonar avisando onde e com quem estão e conseguem até dormir tranqüilas toda a noite sem a menor preocupação.

Só a mãe dos outros autoriza faltar à escola por uma simples dor de barriga em dia de prova e assinam „de olhos fechados“ as faltas às aulas de ginástica com a justificativa „indisposto“ escrita pelos próprios filhos. Jamais levantam o tom de voz, não se irritam por nada, são a doçura em pessoa, uns verdadeiros amores.

Outro dia uma dessas „mães dos outros“ me viu no supermercado e disse: „Ah! a senhora é a mãe do René, a mais perfeita mãe do mundo“. Olhei para ela espantada e respondi:

„Não, a mais perfeita mãe do mundo, de acordo com o René, é a senhora!“ Rimos e nos cumprimentamos por sermos as melhores mães do mundo - se trocarmos os filhos!

Rosângela Scheithauer

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