sexta-feira, 13 de março de 2009

[POESIA] Gato ao Crepusculo

Gato manso, branco,
Vadia pela casa,
Sensual, silencioso, sem função.

Gato raro, amarelado,
Feroz se o irritam,
Suficiente na caça à alimentação.

Gato preto, presságio,
Surgindo inesperado
Das esquinas da superstição.

Cai o sol sobre o mar.
E nas sombras de mais uma noite,
Enquanto no céu os aviões

Acendem experimentalmente suas luzes verde-vermelho-verde,

Terminam as diferenças raciais.

Da janela da tarde olho os banhistas tardos

Enquanto, junto ao muro do quintal,
Os gatos todos vão ficando pardos.


Millôr Fernandes

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